segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Memorial de leitora

Memorial de Leitora

Começar a falar sobre minha história de leitura levou-me de volta à minha infância. Em 1976, tempo de muitas saudades, boas recordações. Eu, a primeira filha de uma turma de 6 (2 meninas e 4 meninos) sempre fui muito ligada ao lápis, borracha, cadernos, lápis de cor, de cera e canetinhas coloridas, material acessível naquela época. Não sei exatamente como foi isso, mas lembro – me bem que aos 6 anos, chorei e implorei a meu pai, para ir à escola. Como a escola não aceitava crianças antes dos 7 anos, aprendi muitas coisas com meu pai, mesmo tendo pouca leitura. Lembro - me das vezes que ele sentava comigo, à tardinha, em frente ao fogão a lenha para pontilhar as letras do alfabeto e eu muito animada passava por cima com um lápis colorido, assim acontecia com os desenhos e como os números.
Ao completar 7 anos fui à escola, aprendi a ler e escrever com facilidade. Sempre fui muito esforçada e aplicada com as atividades em sala e em casa. Tanto me envolvi nisso, que em casa, representava o papel de professora, ao ensinar minha prima menor a escrever e a ler, usando pedaços de carvão para escrever, em portas de guarda-roupa e outros locais possíveis. Os livros que tive contato foram os didáticos, amava as historietas, as imagens, as atividades.
Ao mudar para a cidade, com dez anos, já na 5ª série, na casa em que fui morar, minhas primas deixaram caixas de fotonovelas. Eu afoita com a descoberta disso, devorava cada estória destas revistas. Motivo de muita briga com minha mãe, pois eu vivia trancada no quarto, deixando de ajudá-la nos afazeres domésticos. Também nesta época, descobri a biblioteca pública, li todos os contos clássicos infantis e infanto-juvenis que esta possuía. No ensino médio, poucas leituras fiz encaminhadas pelos professores. Lembro – me de quantos romances água com açúcar li, estilo Bianca, Júlia e Sabrina, estudava a noite e ainda lia madrugada afora.
Por necessidade de acompanhar minha família, em 1987, mudei-me para o Mato Grosso e novas possibilidades de trabalho surgiram. Ser professora, um sonho possível, uma vez que a falta de profissionais no Norte era muito grande. Pela obrigação de saber dos conteúdos a serem trabalhados com os alunos tive que ler muito material didático.
Neste mesmo ano iniciei a faculdade de Letras. Como tive que ler!!!!! Muitas teorias difíceis dos pensadores a respeito de temas como, ensino aprendizagem, leitura, escrita, linguística, literatura portuguesa, africana, brasileira e latino americana, etc... Porém, pelo fato de já atuar com alunos de ensino fundamental e médio, nas disciplinas de língua portuguesa e literatura, tive facilidade em entender e gostar de ler os paradidáticos das literaturas recomendadas, tais como: a coleção de Machado de Assis, especialmente Dom Casmurro, A Moreninha, A Escrava Isaura, O Guarani e outros de José de Alencar, Vidas Secas e São Bernardo de Graciliano Ramos, Os Lusíadas de Camões, Primo Basílio e o Crime do Padre Amaro de Eça de Queiróz, O Tempo e o Vento, Clarissa, Incidente em Antares de Érico Veríssimo, O Cortiço, O Mulato, de Aloísio de Azevedo, O Quinze de Rachel de Queiroz, A Hora da Estrela de Clarice Lispector, Os Ratos de Dyonélio Machado, A Friagem de Augusta Faro.
Vários romances de Gabriel Garcia Marques, como, Cem anos de Solidão, Crônica de uma Morte Anunciada, O Amor no tempo do cólera, de Izabel Allende, Casa dos Espíritos e De amor e de Sombra, de Mário de Andrade, Macunaíma, do inesquecível Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, de Lígia Bojunga Nunes, A Bolsa Amarela, de Domingos Olímpio, Luzia-Homem, de Monteiro Lobato, O Sítio do Picapau Amarelo, de Jô Soares, Quem Matou o Presidente e O Xangô de Baker Street.
Poesias, crônicas e contos de Luís Fernando Veríssimo, Simões Lopes Neto, Carlos Drummond de Andrade, Castro Alves, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Stalislau Ponte Preta, Cora Coralina, Moacir Scliar, Manoel de Barros, Rachel de Queiroz, Guimarães Rosa, Patativa do Assaré, Millôr Fernades, Ignácio Loyola Brandão, Sérgio Caparelli, Clarice Lispector, Edgar Alan Poe e Jô Soares, histórias em Quadrinhos de Ziraldo, Eva Furnari e Maurício de Souza, muitos romances infanto juvenis como A Ilha Perdida, O escaravelho do Diabo, etc...
Já na fase mais madura, li muitos livros de auto - ajuda de Içami Tiba, de Augusto Cury. Quem mexeu no meu Queijo de Spencer Johnson, O Monge e o executivo de James C. Hunter, Desonrada de Mukhtar Mai e muitos outros....
Paralelo a isso, pelas formações que fiz, sejam as continuadas em serviço ou pós graduação, li sobre pedagogia de projetos, tecnologia educativa, pedagogia da alternância, literatura fantástica, gêneros literários, avaliação processual e muitas outras teorias que se fizeram necessárias no cotidiano de meu trabalho. Com certeza espero ainda ler muito, porque cada vez me convenço de que sei muito pouco das muitas maravilhas que são produzidas em relação ao conhecimento.
Elenir Fátima Fanin




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