Contos


CONTO ERÓTICO
-Assim ?
-É. Assim.
-Mais depressa ?
-Não. Assim está bem. Um pouco mais para...
-Assim ?
-Não, espere.
-Você disse que...
-Eu sei. Vamos recomeçar. Diga quando estiver bem.
-Estava perfeito e você...
-Desculpe.
-Você se descontrolou e perdeu o...
-Eu já pedi desculpa !
-Está bem. Vamos tentar outra vez. Agora.
-Assim ?
-Um pouco mais pra cima.
-Aqui ?
-Quase. Está quase !
-Me diga como você quer. Oh, querido...
-Um pouco mais para baixo.
-Sim.
-Agora para o lado. Rápido !
-Amor, eu...
-Para cima ! Um pouquinho...
-Assim ?
-Aí ! Aí !
-Está bom ?
-Sim. Oh, sim.
-Pronto.
-Não ! Continue.
-Puxa, mas você..
-Olha aí... Agora você...
-Deixa ver...
-Não, não. Mais para cima.
-Aqui ?
-Mais para o lado.
-Assim ?
-Para a esquerda !! O lado esquerdo !
-Aqui ?
-Isso ! Agora coça.

                                                                  Luís Fernando Veríssimo
de Ignácio de Loyola Brandão
Os contos reunidos na coletânea O homem do furo na mão e outras histórias constituem uma seleção representativa da obra de Ignácio de Loyola Brandão, uma vez que sintetizam as principais características de seu estilo literário: o nonsense, a linguagem direta e econômica e a preocupação com a experiência formal.
Na maior parte das histórias desta antologia, o nonsense ou absurdo é instaurado repentinamente, abalando a lógica aparente da realidade cotidiana. Assim, através desta metáfora do inusitado, o autor pretende mostrar as contradições existentes nas relações entre os homens dentro da sociedade.
Em O Homem do Furo na Mão, por exemplo, conto que dá título à coletânea, a presença de um furo indolor na mão do personagem acaba por marginalizá-lo dentro de seu próprio universo, o que demonstra o papel repressivo e massificante de uma sociedade que rejeita a singularidade do indivíduo: “Há doze anos tomavam café juntos e ela o acompanhava até a porta. “Você está com um fio de cabelo branco, ou tinge ou tira. Ele sorriu, apanhou a maleta e saiu para tomar o ônibus, faltavam doze para as oito, em três minutos estaria no ponto. O barbeiro estava abrindo, a vizinha lavava a calçada, o médico tirava o carro da garagem, o caminhão descarregava cervejas e refrigerantes no bar. Estava no horário, podia caminhar tranqüilo a mão, descobriu uma leve mancha avermelhada de uns dois centímetros de diâmetro. Quando o ônibus chegou, a mão coçou de novo. Agora ardia um pouco e ele teve a impressão de que no lugar da mancha havia uma leve depressão. Como se tivesse apertado uma bolinha muito tempo, com a mão fechada”.
Ao chegar no escritório, naquele dia, ficou a disfarçar a mão entre os papéis da sua mesa, pois não queria que os amigos vissem o furo de sua mão. À noite, ao chegar em casa e mostrar o furo para a esposa, esta sugeriu um bandaid, e o homem rejeitou a sugestão, pois já começava a se afeiçoar àquele furo. No outro dia, a esposa o abandona por não poder “viver com você enquanto esse buraco existir”. Durante o expediente se comunicou com o sogro e este nada sabia de sua filha. No final do serviço perambulou pelos lugares onde pudesse encontrá-la. Sem sucesso. A empregada também resolve deixar a casa e o homem começa a se aperceber da marginalização que passa a sofrer por causa de sua diferença o furo na mão. No ônibus não embarcar, foi demitido do emprego, nem sequer lhe era permitido sentar no banco da praça - o senhor quer sair deste banco?
Era um homem de farda abóbora, distintivo no peito: fiscalização de parques e jardins.
- Não pode sentar nele.
Ele mudou para o banco ao lado, o homem seguiu atrás.
- Nem neste.
- Em qual então?
- Em nenhum.
- Olhe

- Olhe quanta gente sentada.
- Eles não têm buraco na mão.
- Daqui não saio.
O homem enfiou a mão embaixo da túnica, tirou um cacete, deu uma pancada na cabeça dele. As pessoas se aproximaram, enquanto ele cambaleava.
(...)
- Saia, saia, gritavam as pessoas em volta.”
Por

Por fim, perdeu tudo e todos, indo morar com uns mendigos embaixo da ponte, que também tinham furos nas mãos.
A concisão de linguagem do autor marca os textos de forma contundente, conferindo-lhes objetividade e o ritmo preciso e rápido das narrativas. A informalidade e a clareza também são características destes contos. Esse estilo de linguagem está bem exemplificado no conto O Homem que Devia Entregar a Carta, no qual o autor concentra em breves páginas de frases curtas e claras a longa trajetória (também absurda) do office-boy que durante meses tenta entregar uma carta em prédio ainda não construído.
“Era sua primeira missão como office-boy. Estava com dezoito anos, mas não tinha conseguido nenhum outro emprego. Apesar dos jornais garantirem que não havia crise, ele simplesmente batera o nariz em dezenas de portas e tinha enfrentado filas de até dois quilômetros. O patrão pediu que ele entregasse uma carta, com protocolo. E avisou: a pessoa que receber precisa assinar esse papelzinho. Só entregue mesmo ao destinatário, a ninguém mais, esta carta é da maior importância.
Foi. Ao chegar, verificou o endereço: era de um terreno baldio. Comparou, indagou. Não havia engano mesmo. O número correspondia ao terreno. Voltou ao patrão, contou:
E o patrão:
- Eu sei que é um terreno. Mas vão construir um prédio ali.”
Durante meses seguidos o office-boy se postou na frente daquele terreno, vendo, pouco a pouco o surgimento de um edifício. Enquanto isto fez amizade com os operários. “Amigo de todos os operários, comia e bebia com eles, contava casos, ouvia histórias do Nordeste, lendas da Bahia, conhecia a miséria que ia pelo interior, os dramas de fome e doença, o abandono, a seca.”
Passados mais alguns tempos, as “pessoas começaram a se mudar. Todos os dias, o boy batia à porta do apartamento 114. O destinatário ainda não tinha se mudado. Agora, o boy já tinha feito vinte anos e o patrão tinha lhe dado um prazo fixo, fatal, irreversível. Ou entregava a carta, ou era despedido. “Um dia, quando atenderam o office-boy ficou sabendo que não havia ninguém com aquele nome no apartamento e o zelador carimbou no envelope: “Destinatário desconhecido. E devolveu a carta ao boy”.
Neste conto se verifica o abuso de autoridade e a submissão sem questionamento.
No conto Os Homens que Não Receberam Visita o autor aborda os limites entre a sanidade e a loucura. “Os loucos esperaram o sábado inteiro. Comportados, cada um em seu lugar habitual. Uns enrolando os dedos, outros fingindo-se de Napoleão, relinchando como cavalo, gritando como insanos, andando de boca aberta, babando, rindo à toa, revirando os olhos, falando sozinho, escrevendo no ar, desenhando no céu”. Entretanto, as visitas não apareceram e “os loucos estranharam. (...) À medida que o dia avançava e os parentes não chegavam, os loucos começavam a ter atitudes estranhas. Queriam sair do sanatório, queriam telefonar para pedir notícias, andavam agitados de um lado para outro, enrolando os dedos, gingando, murmurando frases incompreensíveis, gritando alucinados, tentando subir paredes, querendo se enroscar nos bocais, como se fossem lâmpadas procurando se enfiar nos buracos do jardim, como se fossem formigas, rastejando como cobras, zurrando como animais, sorrindo como débeis mentais, escrevendo no ar, desenhando no céu, revirando os olhos. Todos estavam preocupados”.
No final do horário das visitas a tensão se tornou insuportável e o narrador pergunta se “estariam loucos os parentes sadios?” Diante das atitudes desesperadas dos loucos o diretor concluiu que “os loucos tinham-se tornado loucos”.
Em O Homem que Resolveu Contar Apenas Mentiras é a hipocrisia social que está em discussão. “Naquela manhã, acordou disposto a só contar mentiras. A não dizer uma única verdade. A ninguém. Nem a própria mulher. E assim, quando afirmou: “vou para o trabalho”, empregou a primeira mentira. Não ia. Tinha resolvido faltar, esquecer o escritório, a mesa, os papéis. Parar, ficar na rua. E quando disse bom-dia para o zelador do prédio, também mentia porque odiava o zelador, um oportunista, que não conservava o prédio, fazia fofocas entre empregadas, pedia gorgetas, ganhava porcentagem na compra de materiais de limpeza. E quando disse o endereço ao motorista do táxi, também mentia, não pretendia ir para aquele lugar. Mas o chofer exigira o destino porque as pessoas vivem exigindo coisas. E nem sempre temos vontade ou possibilidade de satisfazer. E as exigências crescem e se tornam parte de nossa vida diária. Nos acostumamos com elas, nos acomodamos, sem perceber que cada concessão é um pedaço da gente mesmo, envenenado, que a gente engole.” E o homem passou vinte quatro horas a mentir, a fazer o contrário do que habitualmente fazia. “E quando o dia chegou, tinha acabado o período da mentira, podia enfrentar de novo a verdade. E disse bom-dia ao porteiro, deu o endereço ao táxi, lugou para a mulher e o patrão. Disse no emprego que estava doente. E, na verdade, estava”.







(Edgar Allan Poe)

O castelo em que meu criado se aventurara a forçar entrada, em lugar de deixar-me passar uma noite ao relento, gravemente ferido como eu estava, era um daqueles edifícios mesclados de soturnidade e grandeza que por muito tempo carranquearam entre os Apeninos, tanto na realidade quanto na imaginação da Sra. Radcliffe. Ao que tudo indicava, fora abandonado havia pouco e temporariamente. Acomodamo-nos num dos quartos menores e menos suntuosamente mobiliados, que ficava num remoto torreão do edifício. Sua decoração era rica, porém esfarrapada e antiga. As paredes estavam forradas com tapeçarias e ornadas com diversos e multiformes troféus heráldicos, juntamente com um número inusual de espirituosas pinturas modernas em molduras de ricos arabescos dourados. Por essas pinturas, que pendiam das paredes não só de suas principais superfícies, mas de muitos recessos que a arquitetura bizarra do castelo fez necessários, por essas pinturas meu delírio incipiente, talvez, fizera-me tomar interesse profundo; de modo que ordenei a Pedro fechar os pesados postigos do quarto – visto que já era noite –, acender um alto candelabro que se encontrava à cabeceira de minha cama e abrir amplamente as cortinas franjadas de veludo negro que a envolviam. Desejei que tudo isso fosse feito para que pudesse abandonar-me, ao menos alternativamente, se não adormecesse, à contemplação das pinturas e à leitura atenta de um pequeno volume encontrado sobre o travesseiro que se propunha a criticá-las e descrevê-las.

Por longo, longo tempo li, e com devoção e dedicação contemplei-as. Rápidas e gloriosas, as horas voavam e a meia-noite profunda veio. A posição do candelabro desagradava-me, e estendendo a mão com dificuldade, em vez de perturbar meu criado adormecido, ajeitei-o a fim de lançar seus raios de luz mais em cheio sobre o livro.

Mas a ação produziu um efeito completamente imprevisto. Os raios das numerosas velas (pois eram muitas) agora caíam num nicho do quarto que até o momento estivera mergulhado em profunda sombra por uma das colunas da cama. Assim, vi sob a luz vívida um quadro não notado antes. Era o retrato de uma jovem, quase mulher feita. Olhei a pintura apressadamente e fechei os olhos. Não foi a princípio claro para minha própria percepção por que fiz isso. Todavia, enquanto minhas pálpebras permaneciam dessa forma fechadas, revi na mente a reação de fechá-las. Foi um movimento impulsivo para ganhar tempo para pensar – para certificar-me de que minha vista não me enganara –, para acalmar e dominar minha fantasia para uma observação mais calma e segura. Em poucos momentos, novamente olhei fixamente a pintura.

O que agora via, certamente não podia e não queria duvidar, pois o primeiro clarão das velas sobre a tela dissipara o estupor de sonho que me roubava os sentidos, despertando-me imediatamente à realidade.

O retrato, já o disse, era o de uma jovem. Uma mera cabeça e ombros, feitos à maneira denominada tecnicamente de vinheta, muito ao estilo das cabeças favoritas de Sully. Os braços, o busto e as pontas dos radiantes cabelos dissolviam-se imperceptivelmente na vaga mas profunda sombra que formava o fundo do conjunto. A moldura era oval, ricamente dourada e filigranada à mourisca. Como objeto artístico, nada poderia ser mais admirável do que aquela pintura em si. Mas não seria a elaboração da obra nem a beleza imortal daquela face o que tão repentinamente e com veemência comovera-me. Tampouco teria minha fantasia, sacudida de seu meio-sono, tomado a cabeça pela de uma pessoa viva. Vi logo que as peculiaridades do desenho, do vinhetado e da moldura devem ter dissipado instantaneamente tal idéia – e até mesmo evitado sua cogitação momentânea. Pensando seriamente acerca desses pontos, permaneci, talvez uma hora, meio sentado, meio reclinado, com minha vista pregada ao retrato. Enfim, satisfeito com o verdadeiro segredo de seu efeito, caí de costas na cama. Descobrira o feitiço do quadro numa absoluta naturalidade de expressão, a qual primeiro espantou-me e por fim confundiu-me, dominou-me e aterrorizou-me. Com profundo e reverente temor, recoloquei o candelabro em sua posição anterior. Sendo a causa de minha profunda agitação colocada assim fora de vista, busquei avidamente o volume que tratava das pinturas e suas histórias. Dirigindo-me ao número que designava o retrato oval, li as vagas e singulares palavras que se seguem:

“Era uma donzela de raríssima beleza, não mais encantadora do que cheia de alegria. Má foi a hora em que viu, amou e desposou o pintor. Ele, apaixonado, estudioso, austero, e tendo já na sua Arte uma esposa; ela, uma donzela de raríssima beleza, não mais encantadora do que cheia de alegria; toda luz e sorrisos, e travessa como uma corça nova; amando e acarinhando todas as coisas; odiando apenas a Arte, sua rival; temendo só a paleta, os pincéis e outros desfavoráveis instrumentos que a privavam do rosto de seu amado. Era, portanto, uma coisa terrível para essa dama ouvir o pintor falar de seu desejo de retratar justo sua jovem esposa. No entanto, ela era humilde e obediente, e posou submissa por muitas semanas na escura e alta câmara do torreão, onde a luz caía somente do teto sobre a pálida tela. Mas ele, o pintor, glorificava-se com sua obra, que continuava de hora a hora, dia a dia. E era um homem apaixonado, impetuoso e taciturno, que se perdia em devaneios; de maneira que não queria ver que a luz espectral que caía naquele torreão isolado debilitava a saúde e a vivacidade de sua esposa, que definhava visivelmente para todos, exceto para ele. Contudo, ela continuava a sorrir imóvel, docilmente, porque viu que o pintor (que tinha grande renome) adquiriu um fervoroso e ardente prazer em sua tarefa, e trabalhava dia e noite para pintar a que tanto o amava, aquela que a cada dia ficava mais desalentada e fraca. E, em verdade, alguns que viam o retrato falavam, em voz baixa, de sua semelhança como de uma poderosa maravilha, e uma prova não só da força do pintor como de seu profundo amor pela qual ele pintava tão insuperavelmente bem. Finalmente, como o trabalho aproximava-se de sua conclusão, ninguém mais foi admitido no torreão, pois o pintor enlouquecera com o ardor de sua obra, raramente desviando os olhos da tela, mesmo para olhar o rosto de sua esposa. Não queria ver que as tintas que espalhava na tela eram tiradas das faces da que posava junto a ele. E quando muitas semanas nocivas passaram e pouco restava a fazer, salvo uma pincelada na boca e um tom nos olhos, o espírito da dama novamente bruxuleou como a chama de uma lanterna. Então, a pincelada foi dada e o tom aplicado, e, por um momento, o pintor deteve-se extasiado diante da obra em que trabalhara. Porém, em seguida, enquanto ainda contemplava-a, ficou trêmulo, muito pálido e espantado, exclamando em voz alta: ‘Isto é de fato a própria Vida!’ Voltou-se repentinamente para olhar sua amada: estava morta!”
                                                  (Traduzido por Marcelo Bueno de Paula)

O HOMEM DO FURO NA MÃO



- O que tem este banco?

    CHAPEUZINHO VERMELHO DE RAIVA

   - Senta aqui mais perto, Chapeuzinho. Fica aqui mais pertinho da vovó, fica. 
- Mas vovó, que olho vermelho... E grandão... Queque houve? 
- Ah, minha netinha, estes olhos estão assim de tanto olhar para você. Aliás, está queimada, heim? 
- Guarujá, vovó. Passei o fim de semana lá. A senhora não me leva a mal, não, mas a senhora está com um nariz tão grande, mas tão grande! Tá tão esquisito, vovó. 
- Ora, Chapéu, é a poluição. Desde que começou a industrialização do bosque que é um Deus nos acuda. Fico o dia todo respirando este ar horrível. Chegue mais perto, minha netinha, chegue. 
- Mas em compensação, antes eu levava mais de duas horas para vir de casa até aui e agora, com a estrada asfaltada, em menos de quinze minutos chego aqui com a minha moto. 
- Pois é, minha filha. E o que tem aí nesta cesta enorme? 
- Puxa, já ia me esquecendo: a mamãe mandou umas coisas para a senhora. Olha aí: margarina, Helmmans, Danone de frutas e até uns pacotinhos de Knorr, mas é para a  senhora comer um só por dia, viu? Lembra da indigestão do carnaval? 
- Se lembro, se lembro... 
- Vovó, sem querer ser chata. 
Ora, diga. 
- As orelhas. A orelha da senhora está tão grande. E ainda por cima, peluda. Credo, vovó!
- Ah, mas a culpada é você. São estes discos malucos que você me deu. Onde á se viu fazer música deste tipo? Um horror! Você me desculpe porque foi você que me deu, mas estas guitarras, é guitarra que diz, não é? Pois é; estas guitarras são  muito barulhentas. Não há ouvido que agüente, minha filha. Música é a do meu tempo. Aquilo sim, eu e seu finado avô, dançando valsas... Ah, esta juventude está perdida mesmo. 
- Por falar em juventude o cabelo da senhora está um barato, hein? Todo desfiado, pra cima, encaracolado. Que qué isso? 
- Também tenho que entrar na moda, não é, minha filha? Ou você queria que  eu fosse domingo ao programa do Chacrinha de coque e com vestido preto com bolinhas brancas? 
Chapeuzinho pula para trás: 
- E esta boca imensa???!!! 
A avó pula da cama e coloca as mãos na cintura, brava: 
- Escuta aqui, queridinha: você veio aqui hoje para me criticar é?!


Mario Prata